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"Sou Uma Tela em Branco"


Esta performance surgiu pela primeira vez na minha mente quando vi uma amiga minha a sofrer de homofobia por parte de uma geração mais envelhecida. Daí comecei a pensar em como podia ajudar, de certa forma, o outro, da mesma maneira como eu me auto ajudei.


Parti da ideia da liberdade e comecei a criar diversos planos na minha mente. Um dia, quando cheguei a casa das aulas, abri o meu bloco de escrita e olhei fixamente para o papel por preencher, então, foi nesse exato momento que comecei a pensar que tinha toda a liberdade do mundo para me expressar naquela folha. Comecei a escrever, depois a desenhar, depois só a fazer linhas e depois pontos. Quando terminei sentia-me mais leve, como se saísse um peso enorme dos meus ombros, então aí ocorreu-me: se eu me senti assim tão livre ao expressar-me numa folha de papel nunca antes explorada no meu bloco, porque não fazer isso, mas de uma maneira onde todos os que quisessem pudessem expressar-se, não numa folha minúscula de papel, mas sim executar isso na anatomia humana? Desse ponto passei de humano a performer.


A razão desta escolha está assente em me transformar num objeto metafórico e inanimado, de dar a liberdade a quem passa e olha, a pintar-me com os seus universos ressentidos. Deve-se também ao facto de se expressarem da forma que mais se identificam, mostrando gostos, orientações sexuais, preferências, etc. Esta performance serve para dar a conhecer que, mesmo no vazio de uma tela em branco, por mais simples e minimalista que seja, é possível encontrar uma espécie de universo paralelo onde tudo o que pensam pode ser transmitido para um lugar, neste caso para um corpo, para uma coisa palpável. Esta performance demonstra a liberdade de expressão sem ser influenciada pela tão conhecida pressão social, da qual muitos são vítimas. Mas nesta performance, disponibilizei o meu corpo para o usarem, para desabafarem, para poderem sentir-se artistas nem que seja só por uma vez, para poderem pintar uma percentagem mínima dos seus universos recalcados numa pessoa que nem sequer conhecem, para poderem libertar-se desta prisão perpétua, da qual estamos todos condenados, ou seja, a vida.

De certo modo, nesta performance, dei uma oportunidade à sociedade dos dias de hoje, para libertar tudo o que cada indivíduo, pertencente a essa grande corporação, tem dentro do seu ser.

Enfim, dei uma oportunidade para serem infinitos nas suas próprias criações. Dei-lhes o que eu chamo de “25 de abril artístico”.



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