Corpo, gênero e sexualidades. Problematizando estereótipos
Introdução
O texto traz um investimento teórico desenvolvido nos últimos anos, influenciado pelos estudos pós-críticos, a partir da perspectiva de que a linguagem e os processos de significação influenciam a produção do conhecimento. Conforme Silva (2013), a teoria pós-crítica questiona a centralidade e a conscientização da teoria crítica, que por muito tempo pautou-se na ideia de classe social e na autonomia do indivíduo, focalizando nos aspectos da cultura, da diferença, das representações e dos discursos, na medida em que o “mapa do poder é ampliado para incluir os processos de dominação centrados na raça, na etnia, no gênero e na sexualidade” (SILVA, 2013, p. 149). Assim, a teoria pós-crítica contribui para pensarmos as questões sobre corpo, gênero e sexualidade no campo da educação, pois problematiza as normatizações e as construções de ideias pré-estabelecidas para pensar uma formação cultural. Nessa perspectiva, nosso objetivo foi revisitar as abordagens de corpo, gênero e sexualidade, problematizando e descontruindo estereótipos na formação de professores para a educação básica.
A opção metodológica recaiu na abordagem qualitativa, por considerar a necessidade de um conjunto de técnicas interpretativas para expressar o sentido dos fenômenos sociais e a compreensão dos significados das ações e relações humanas (DENZIN, 2006).
A pesquisa foi realidade com 23 alunos do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal de Sergipe, Campus Itabaiana/SE, bem como com dez docentes de uma escola pública municipal de Itabaiana/SE. Na coleta de dados foram consultadas diferentes fontes de informação, com vistas a produzir conhecimento a partir de coleta de dados, tais como: proposta de intervenção, questionários aberto e fechado, observações de oficinas.
Dividimos nossa argumentação em duas partes. Na primeira, discutimos as principais ideias dos estudos sobre corpo, gênero e sexualidades nas ciências humanas (LE BRETON, 2007; LOURO, 2010; FOUCAULT; 2014; BUTLER, 2010a; GOELLNER, 2010), na tentativa de revisitar e evidenciar o lugar dessas temáticas na produção do conhecimento.
Propõe-se, assim, questionar o “lugar” e o “não lugar” do corpo, do gênero e da sexualidade a partir dos sentidos e das significações culturais, pois acredita-se que as interações sociais e os processos de identificação desestabilizam, alteram e ressignificam o corpo no decorrer das mudanças na relação do tempo e do espaço.Na segunda parte, refletimos sobre o impacto da representação do corpo ressignificado pela cultura na formação de professores e na educação básica, na tentativa de problematizar e desconstruir estereótipos criados e disseminados na sociedade e, longamente, reproduzidos nas práticas escolares.